segunda-feira, dezembro 18, 2006

Água na minha vida


Domingo de manhã na expo - e a descoberta de um novo espaço na minha cidade! Realmente não se pode dizer que Lisboa continua de costas voltadas para o Tejo! Nunca tinha percorrido aquilo de uma ponta à outra e fiquei muito contente por poder dispôr de mais um local para passeio e desporto matinal.
Sempre que vivi longe de grandes massas de água senti a falta de ter o rio ou o mar ao pé de mim.

Quando vivia na Beira Baixa, corria para as barragens sempre que podia, e ficava lá horas, parada, só a olhar. Barragem da Marateca, perto de Alcains. Barragem da Idanha. Barragem de Santa Luzia, na rota do Pinhal. Barragem da Meimoa, perto dos Três Povos. Acho que nessa altura fiquei uma especialista em massas de água beirãs. Às vezes tenho saudades de andar por ali por aquelas estradas, sozinha, não digo de cabelo ao vento porque nunca tive um descapotável, mas de alma ao alto, ao correr da ocasião e ao sabor do momento.

Anos mais tarde, no norte do país, também passei muitas das minhas horas vagas a olhar para o mar. A tentar encontrar nas ondas que, de Inverno ou de Verão batiam na areia à beira-mar, a força de que eu precisava para viver longe de tudo e todos. O pôr-do-sol no infinito lembrava-me de que existia mais mundo para além daquele que eu via naquele momento. Se fechasse os olhos imaginava-me mais perto de quem gostava. Ficava mais revigorada com o cheiro do mar!
Quando, no Verão, me sentava na esplanada da Universidade, em Braga, imaginava sempre que por detrás dos prédios estava o mar e a praia. Não sei porque comecei a imaginar isso, mas rapidamente se tornou um hábito automático e por isso gostava tanto de lá almoçar nos meses quentes do ano. Com um pequenino esforço conseguia imaginar os ruídos das ondas e dos veraneantes. É incrível do que a nossa imaginação é capaz quando precisamos de nos agarrar a algo!
Tudo isto me faz lembrar, uma vez mais, do quão preciosos são esses pequeninos momentos, quase minutos, em que nos sentimos verdadeiramente vivos. Em que, de facto, se consegue atingir o pleno do nosso ser. São os minutos da nossa felicidade absoluta! Já os senti muitas vezes na vida e por isso tenho de me sentir muito grata e satisfeita!
Por muitas ilusões que tenhamos, esses momentos acabam por ser mesmo só nossos. Podem ser partilhados com outra pessoa mas eles só são sentidos por nós próprios. O curioso é que eles estão, na verdade, dentro de nós e se não tivermos a capacidade para os reconhecer, então nunca os sentiremos. Um dos meus maiores medos na vida é o de, um dia, perder a capacidade de admirar o mundo que me rodeia, porque essa é uma das coisas que mais gosto de fazer.

2 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente fantástico!

Vou continuar a acompanhar-te atraves da Susana, por enquanto...

Espero que ainda te lembres de mim.

Beijinhos, Dulce Madeira

catarina disse...

Sim, claro que me lembro!! bem vinda e obrigada pelo elogio!
beijinhos também para ti