quarta-feira, março 21, 2007

Half Nelson

Fui procurar o que significa o título original do filme. É impressionante as traduções completamente descabidas que são feitas neste país. Valha-nos ainda o bom senso de podermos continuar a ver filmes na sua versão original, sem dobragens...

Half Nelson: golpe de luta livre em que se imobiliza o adversário através de uma chave de braço.

Pelo caminho, encontrei também o texto seguinte num blog chamado "Cinerama" http://cinerama.blogs.sapo.pt/130226.html e não resisti a publicá-lo aqui porque define exactamente o que eu acho do filme:
"Ryan Gosling reveste a sua interpretação de uma impressionante contenção e envolvência, colocando toda a sua vulnerabilidade num sorriso, todos os seus medos numa simples hesitação, e toda a decadência americana num penso-rápido colado a um lábio inferior.
Envolvido numa fantástica banda sonora, onde se destacam os Broken Social Scene, “Half Nelson” fala da dificuldade de aceitarmos a contradição dentro da unidade, que uma árvore possa estar torta e direita ao mesmo tempo, que seja forte e, simultaneamente, fraca, ou, de exigirmos que o ser humano seja bom ou mau, exclusivamente. Como é dito no filme “uma coisa não define um homem”. Tudo é mais complicado que isso."



Fiquei completamente banzada com a interpretação do Ryan Gosling. Fiquei mesmo! Com a demonstração dos seus sentimentos mais profundos apenas com o olhar. Parecia tudo muito real... Senti um arrepio na espinha na cena em que ele repara no anel de noivado que a ex-namorada tem posto na mão esquerda. Sem dizer nada, disse tudo. As únicas palavras que lhe saíram foram "quem é o sortudo?". Não disse mais nada. Não demonstrou a sua dor de mais nenhuma forma. Só aquele olhar. Aquele baixar de cabeça desesperado...

(Tempos houve em que o teu olhar, J., era também o espelho completo da tua alma para mim)

Essa história no meio da história tocou no meu interior. A forma como eles se olhavam dizia tudo, para toda a gente, excepto para eles. Dantes, na minha ingenuidade teenager, pensava que a única razão que levava duas pessoas que se gostavam a separar-se era terem deixado de gostar uma da outra. Hoje em dia sei que as pessoas crescidas inventam muitas outras razões para que tal aconteça. Resta então apenas o olhar. Aquele olhar.

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